“Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio… Tomai, portanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever.” (Ef 6,11.13)

Caríssimos irmãos e irmãs, graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Coroando a Carta aos Efésios – conhecida como a rainha das Epístolas paulinas –, São Paulo nos exorta a nos apropriarmos da armadura de Deus, que é uma poderosa equipagem para nos defendermos espiritualmente em duas situações bem distintas, mas muito reais e exigentes: de um lado as inúmeras ciladas que nos são preparadas pelo demônio, isto é, as tentações que ele coloca diante de nós para que pequemos, ofendamos a Deus e nos desviemos de Sua soberana vontade e, de outro lado, os dias maus, isto é, as provações permitidas por Deus para o crescimento do nosso homem interior.

Com efeito, a armadura do cristão é um conjunto de orientações espirituais fundamentais para vencermos a batalha espiritual que travamos diariamente com o demônio, com os principados, potestades e todas as forças espirituais do mal espalhadas pelos ares, bem como para manter-nos inabaláveis no cumprimento do nosso dever cristão não obstante as diversas circunstâncias dolorosas e exigentes da vida cristã, pois a cruz é exigente. Sabemos que a vida cristã não é algo pequeno e para vivê-la plenamente é necessário exercitar o poder espiritual recebido em Jesus Cristo. Toda a armadura do cristão indicada por São Paulo diz respeito, pois, à vitória dos cristãos, em Cristo, nesta batalha espiritual travada.

A primeira ferramenta de proteção indicada por São Paulo é o cinturão da Verdade. Noutras palavras, devemos nos comprometer com a Verdade, que é Jesus, andar na verdade, dizer sempre a verdade, não viver uma farsa, uma espécie de teatro. Somos chamados a viver a coerência do Evangelho. A segunda ferramenta indicada é a couraça da Justiça. Nas Escrituras o termo “justiça” significa fundamentalmente santidade, retidão diante de Deus. Revestir-se da couraça da justiça significa, portanto, ser uma pessoa justa, que busca ardentemente ser santo na presença de Deus, que busca uma vida reta, de acordo com o que professa. Já a terceira ferramenta é o calçado nos pés, colocando-nos de prontidão para anunciar o evangelho da paz. Isto evoca a vocação do batizado, que é ser um continuador da missão salvífica de Cristo no mundo, anunciando a Boa-Nova da Salvação a tempo e a destempo, com espírito missionário.

A quarta ferramenta que São Paulo nos apresenta é o escudo da fé, com a qual podemos apagar os dardos inflamados do maligno. É que “a fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê e foi ela que fez a glória dos nossos antepassados” (Hb 11, 1-2). Uma pessoa de fé sabe esperar em Deus, uma pessoa de fé tem expectativa acerca da intervenção divina, uma pessoa de fé não cai na tentação de sentir-se abandonada por Deus. Com efeito, ninguém para uma pessoa de fé, ninguém perde o ânimo se mantém acesa a chama da fé viva no Deus Vivo! A quinta ferramenta indicada por São Paulo é o capacete da Salvação. O capacete da salvação significa a esperança, a certeza e a segurança da salvação que nos foi conquistada por Cristo, que protege a mente do cristão das dúvidas e medos lançados por Satanás. Santa Teresa d’Ávila vai dizer que a mente é a doida da casa… Por ela muitos males entram no homem; por ela muitas vezes não fazemos o bem que queremos, mas o mal que não queremos… A cabeça é símbolo da decisão do homem, sede dos pensamentos. Por isso, São Paulo vai dizer: “Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e o reduzimos à obediência a Cristo” (II Cor 10,5).

São Paulo nos apresenta ainda a sexta e sétima ferramentas. A sexta ferramenta é a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. A Palavra de Deus tem eficácia divina na nossa alma, penetra o impenetrável; a Palavra de Deus é fonte inesgotável de cura para os nossos corações e de ressurreição espiritual; a Palavra de Deus converte o nosso coração e a nossa mentalidade; a Palavra de Deus é uma bússola que direciona nossas vidas. Por fim, como sétima ferramenta São Paulo nos exorta a intensificarmos nossas invocações e súplicas, orando em todas as circunstâncias. Portanto, a sétima ferramenta é a oração, via excelente pela qual chegamos a Deus. Neste sentido Santo Afonso Maria de Ligório nos ensina que “quem reza se salva, quem não reza é condenado.” Também São Padre Pio de Pietrelcina nos ensina que “quem reza muito se salva, quem reza pouco está em perigo e quem não reza se perde.”

Que Maria Santíssima, Mãe de Deus e Nossa, nos ajude a nos apropriarmos da vitória já conquistada por Cristo para nós, Seus amados.

Veni Sancte Spiritus!

Vinícius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL
GO Jesus Senhor

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