“Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida!

Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!”

 

A cada ano, no dia 12 de Outubro, a Igreja celebra a Festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Na segunda quinzena de 1717, três humildes pescadores foram testemunhas de um pequeno sinal, mas que transformou a fé do povo brasileiro e aumentou a devoção a Nossa Senhora em todo país: uma pequenina imagem de Nossa Senhora da Conceição fora encontrada próxima ao Porto de Itaguaçu, no rio Paraíba e, desde então, aquela singela imagem passou a ser um sinal grandioso de graças e bênçãos de Deus àqueles pescadores e a todo o povo daquele vilarejo; mais tarde, a todo o Brasil.

Nossa Senhora tem um papel importantíssimo na Revelação. Como está escrito no começo do Evangelho de São Lucas, a Virgem Maria concebeu do Espírito Santo Aquele que seria o Salvador da humanidade, que haveria de nos redimir dos pecados, que se abateram sobre nós (cf. Lc 1, 28-33). Maria é a nova Eva, que esmaga a cabeça da serpente e que, por sua humildade e obediência, se coloca completamente submissa ao plano de amor de Deus, unida a Jesus Cristo em Sua Obra de Salvação.

Maria, já nas Bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-11), ensina-nos a fazer, em tudo, a vontade de seu Filho Jesus. Aos pés da Cruz, “Maria sofre na alma o que seu Filho sofria no corpo”, como nos ensina São Bernardo. Naquela hora dramática, ainda, Jesus, no alto da Cruz, nos dá Maria como nossa Mãe, como a Mãe da Igreja, como Mãe de toda a humanidade.

Ela é o ícone da Igreja esposa e orante. A presença de Maria Santíssima no evento de Pentecostes inaugura um novo tempo de intercessão e súplica, para que, no derramamento do Espírito Santo, se manifeste publicamente a identidade e a missão da Igreja. É dali que a Igreja nascente sai em missão, com os Apóstolos, para que sejam “pescadores de homens” (cf. Lc 5, 1-11).

O encontro de uma pequena imagem, “aparecida” nas águas do rio Paraíba, a pouco mais de 300 anos atrás, não foi outra coisa senão um sinal claro para um novo tempo de evangelização. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer a fé em Cristo no coração dos fiéis? Por isso, o Papa São Paulo VI chamava Nossa Senhora de “Estrela da Evangelização”, pois é ela que ilumina o caminho dos cristãos; é mediante o seu cuidado, carinho e intercessão materna, que vemos Maria levar uma multidão de devotos cristãos a se encontrarem com seu amado Filho Jesus.

Na homilia da Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, São João Paulo II dizia que em nada o amor e a devoção a Maria diminuem a graça Salvadora de seu Filho, reverberando, assim, a mensagem do Concílio Vaticano II: “A função maternal de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes favorece”.

Também o Santo Padre, o Papa Francisco, em sua homilia, no Santuário Nacional de Aparecida, em 2013, nos dá um claro ensinamento sobre a importante relação entre Maria e a Missão da Igreja: “A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: ‘Mostrai-nos Jesus’. É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria”. A Virgem Maria é sempre esse luzeiro, que nos impulsiona a amar e a viver da Palavra de Deus, também nos ensinando a ser discípulos-missionários, prontos e disponíveis, para servir a todos.

Desse modo, neste Mês Missionário Extraordinário (Outubro/2019), proclamado pelo Santo Padre, inspirados e fortalecidos por Maria, Nossa Senhora Aparecida, convido cada leitor e toda a família carismática a fazer o mesmo percurso daqueles pescadores no Porto de Itaguaçu: primeiro, encontrar-se com a Virgem Santíssima na oração; depois, encher-se da alegria do Evangelho e do Espírito Santo, tornando sua vida, seu Grupo de Oração, seu lar e todos os lugares de seu convívio um verdadeiro Cenáculo, um lugar de fé e da ação de Deus. Por fim, imitando o exemplo de Maria, sejamos discípulos-missionários, que, obedientes à Palavra do Salvador, levam a graça da salvação, da cura e da esperança ao coração do povo cristão, principalmente dos mais simples, injustiçados, esquecidos e rejeitados.

Que você, meu irmão e minha irmã, que hoje lê esse artigo possa também se colocar em oração, se refugiar debaixo do manto sagrado de Nossa Senhora; por ela, colocar o seu coração, seus sentimentos e suas necessidades nas mãos de Deus, a fim de que se cumpra o pedido que o Senhor faz a toda a RCC do Brasil, para o ano de 2020: “Transformai-vos pela renovação do vosso espírito” (Rm12, 2).

Deus o(a) abençoe e a Virgem de Aparecida interceda sempre por ti.

 

Pe. Helder Pio, sjs
Professor da Escola Nacional de Formação de Líderes e Missionários da RCCBRASIL
Reitor do Seminário Nossa Senhora de Pentecostes – Diocese de Santo Amaro (SP)