“Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia.” (II Cor 4, 16)

 

Caríssimos irmãos e irmãs, Graça e Paz!

 

Ao escrever à comunidade de Corinto, São Paulo partilhou algumas das grandes provações que estava enfrentando sob diversos aspectos. Aos olhos humanos e incrédulos de alguns que o cercavam, o Senhor o havia abandonado, já que as perseguições eram inumeráveis, as incompreensões de muitos eram uma constante e os martírios morais e mesmo físicos não eram raros. Entretanto, o Apóstolo tinha os olhos voltados para o Senhor da Vida e para os destinatários de sua pregação: os filhos de Deus!

Também nós temos vivenciado tempos fortemente desafiadores sob variados aspectos. De um lado estamos enfrentando uma Pandemia sem precedentes na história recente, que tem marcado tantas pessoas, famílias, Países; de outro lado, a Igreja tem vivenciado injustiças e perseguições de todas as ordens; no campo social, quantas afrontas ao Coração de Jesus; a fé de muitos tem esfriado. É neste cenário que somos exortados a voltar e fixar o nosso olhar no Senhor do tempo e da história, bem como no grave dever de, como batizados e inflamados pelo Espírito Santo, evangelizar incessantemente.

São Paulo nos ensina que o homem exterior pode até se desconjuntar, mas o crucial é que o interior se deixe renovar diariamente. Com efeito, muitas vezes preocupamo-nos demasiadamente com o homem exterior e nos protegemos – com muita razão – dos vírus tão letais, mas esquecemo-nos do homem interior, que não raro é contaminado pelo vírus do esfriamento e do abatimento espiritual, da tibieza, da indiferença, do relativismo, da falta de fé, de amor, e tantos outros.

Deixar-se renovar dia após dia significa abrir o coração para o Senhor e afeiçoar-se às coisas do Alto, onde habita Cristo (cf. Col 3, 1-2); significa pôr nossas delícias no Senhor e esperar somente Nele (cf. Sl 36, 4-5); significa renascer da água e do Espírito (cf. Jo 3, 5); significa submeter-se ao Senhorio absoluto de Jesus (cf. Fl 2, 11); significa ter os pés fincados na terra, mas a cabeça e o coração no céu (cf. São João Paulo II).

Portanto, caríssimos irmãos e irmãs, diante das vicissitudes e provações do tempo presente, não desanimemos, não fiquemos à margem do caminho; ao contrário, mantenhamo-nos firmes em nossa fé, mantenhamos a chama da fé, da esperança e do amor bem acesa em nossos corações, mantenhamos as nossas lamparinas espirituais bem abastecidas de óleo à espera do Senhor que já está para chegar.

De outro lado, apressemos a volta do Senhor evangelizando, fazendo-nos tudo para todos (cf. I Cor 9, 22b), mantendo nossos Grupos de Oração fieis àquilo para o que foram chamados: a serem Cenáculos de Jerusalém dos dias atuais, onde as pessoas tem um encontro pessoal com Deus e são impactadas e verdadeiramente transformadas a partir da experiência fundamental do batismo no Espírito Santo!

Se mantivermos nossos olhos voltados para o Senhor que fez o céu e a terra e estivermos entusiasmados (tomados por Deus, plenos Dele) a despeito das circunstâncias terrenas que nos rodeiam, então 2021 será um ano muito feliz, aconteça o que acontecer.

Conforme nos promete o Senhor na Palavra norteadora para a RCCBRASIL em 2021, descerá sobre nós o Espírito Santo e Ele nos dará força para sermos Suas testemunhas. Se e quando o dínamo (força, ousadia) lhe faltar, clame: “cumpre a Tua promessa novamente, Senhor, e envia o Teu Espírito sobre mim.” Em verdade, você pode e deve pedir isso todos os dias!

Que Maria Santíssima, Aquela cuja alma glorificou o Senhor  ainda que diante de diversas circunstâncias complexas que a rodeavam, interceda por nós e nos ensine a manter os pés fincados na terra, mas a cabeça e o coração no céu.

Veni Sancte Spiritus!

 

 

 

Vinicius Rodrigues Simões

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL

 

 

 

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