“Todos vós, que estais sedentos, vinde à nascente das águas” (Is 55,1a).
Caríssimos irmãos e irmãs, Graça e Paz!
O Senhor – que é a Nascente das Águas, o Único que pode saciar a nossa sede de amor, de paz, de alegria, de esperança, de felicidade plena, de vida em abundância, de Deus mesmo – dá-nos o diagnóstico e imediatamente faz-nos um convite. Ele nos diz: “Todos vós estais sedentos!” E depois nos dá a solução: “Vinde à nascente das águas, vinde beber da Água Viva sem pagar.”
Com efeito, a Assembleia dos Cristãos é certamente a Assembleia dos Sedentos! E como isso é bom. Precisamos ser sempre sedentos de Deus, pois é sempre possível ter mais Dele. A vida cristã encontra seu fulgor em ter mais e mais de Deus e transbordar cada dia mais do Seu amor. Precisamos ter sede de Deus todos os dias de nossas vidas, sendo eternos pedintes por mais do Espírito Santo.
Por outro lado, considerando o que Israel estava vivenciando naquele tempo e o que também nós estamos experimentando nos dias de hoje, devemos entender esta Profecia de Isaías como um diagnóstico dado pelo próprio Senhor, isto é, precisamos nos reconhecer sedentos, distantes do manancial, áridos, ressequidos, desidratados espiritualmente, agindo de acordo com nossas próprias reservas rotas e escassas. Precisamos reconhecer que o pecado, e por vezes as circunstâncias e vicissitudes da vida constituem verdadeiros ralos que nos vão “roubando” a fé, a esperança, o vigor, a alegria e a força para caminhar. É o que temos visto, por exemplo, em meio à atual Pandemia de Coronavírus: alguns irmãos e irmãs esmorecendo na fé, desanimando na caminhada, afastando-se da comunidade cristã, assumindo tarefas secundárias nos horários que antes eram destinados à Santa Missa, ao Grupo de Oração, à Adoração, ao serviço do Senhor, pessoas outrora vigorosas em sua caminhada que, no entanto, caíram no abatimento espiritual…
Em Seu amor, misericórdia e bondade infinitos, o Senhor nos dá o diagnóstico e, ao mesmo tempo, já nos assegura o remédio, o tratamento: “Vinde à nascente das águas”. Ora, quem é a nascente das águas? É o próprio Senhor, é o nosso Deus amado! Mais adiante na profecia lemos: “Buscai o Senhor já que ele se deixa encontrar; invocai-o já que está perto” (Is 55,6). Podemos, pois, nos achegar do Trono da Graça confiantemente, a fim de alcançar misericórdia e a graça de um auxílio oportuno (cf. Hb 4,16).
Em verdade, ir à Nascente das Águas significa voltar-nos ao Senhor, clamar por Ele, humilhar-nos em Sua presença, subir à montanha do louvor e da adoração para ali sermos transfigurados pela Glória de Deus! Significa, com toda a cautela e prudência que as condições sanitárias exigem, voltarmos ao exercício ativo e testemunhal de nossa fé: voltarmos à Santa Missa, à Adoração, à oração fervorosa, aos Grupos de Oração (online ou presenciais, conforme orientação local), etc.. O vírus não tem o poder de paralisar nossos “pulmões espirituais”, que devem aspirar sempre pela “Ruah” (sopro divino, hálito divino)!
À exemplo do que lemos no diálogo de Jesus com a Samaritana (Jo 4, 5ss), os poços deste mundo, por mais tradicionais e importantes que possam ser, jamais poderão saciar a nossa sede espiritual. Por isso Jesus disse à Samaritana e a nós: “Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna” (Jo 4, 13-14). É que a Água que Jesus nos dá é o próprio Espírito Santo, que se torna fonte transbordante de água viva em nossos corações para todas as horas, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de nossa vida, jorrando até à vida eterna.
Portanto, “vinde, voltemos ao Senhor” (Os 6,1a)!
Que Maria Santíssima, Aquela que é Vaso de Água Viva, interceda por nós e nos ensine a ir sempre a Jesus, que é a eterna Nascente das Águas.
Veni Sancte Spiritus!
Vinicius Rodrigues Simões
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL