Celebramos neste final de semana um marco na história da Igreja. Há 51 anos, um grupo de jovens se reuniu no final de semana de 17 a 19 de fevereiro para um retiro de oração. Mal sabiam eles que, a partir daquela reunião, uma explosão de evangelização por meio de uma nova forma de espiritualidade surgiria no mundo, transformando diversas vidas até os dias atuais.

Foi em fevereiro de 1967, na Casa de Retiro da Universidade de Duquesne, em Pittsburg, Pensilvânia (EUA), em que cerca de 30 pessoas, jovens estudantes e professores universitários, em um retiro de oração e estudo da Bíblia tiveram uma experiência transformadora do Batismo no Espírito Santo. Um grupo de estudantes, no sábado à noite, foi para a capela e lá, essas pessoas, tiveram sensações nunca antes sentidas. Hoje, entendemos que o Espírito Santo foi quem conduziu todas as coisas. Dessa forma, consideramos que foi naquele final de semana que surgiria, então, a Renovação Carismática Católica no mundo.

Bendito seja Deus por esses dias que, direta ou indiretamente, transformaram a vida de várias pessoas em todo o mundo, dando origem a essa linda obra. Obra que, de acordo com o Papa Francisco na Festa do Jubileu de Ouro da RCC (2017), é umaobra soberana do Espírito Santo na Igreja que deu vida a uma corrente de graça.

A Renovação Carismática Católica é um movimento pertencente a Igreja Católica Apostólica Romana que tem como missão evangelizar homens, mulheres, jovens e crianças com ardor missionário, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo, buscando tornar o Espírito Santo mais conhecido, amado e adorado, difundindo sua espiritualidade a partir dos Grupos de Oração e Comunidades espalhados pelo mundo.

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Saiba mais como tudo aconteceu

Sobre esses históricos dias, Patti Gallagher Mansfield, uma das participantes do Retiro partilha no livro “Como em um Novo Pentecostes”, da Editora RCCBRASIL:

No sábado de manhã, Paul Gray pregou sobre Atos dos Apóstolos, capítulo 1 no solário. A missa foi celebrada e depois Marybeth Mutmansky (Greene) e Karin Sefcik (Treiber) fizeram uma reflexão sobre as mulheres da Bíblia. Seguiu-se uma pregação sobre Atos 2 e partilha dos grupos (…)

Durante uma das partilhas, após a pregação, David Mangan propôs que os participantes renovassem o Sacramento da Crisma como parte da cerimônia de encerramento. Um problema no encanamento da casa quase fez com que o retiro terminasse mais cedo, mas foi resolvido. Mais tarde naquela noite, durante o que havia sido programado como uma festa de aniversário para várias pessoas, o Espírito Santo iniciou um trabalho soberano. Um por um, aproximadamente metade, mas não todos os jovens foram atraídos para a capela e experimentaram o Batismo no Espírito de uma forma manifesta…

altNo sábado à noite, uma festa de aniversário estava programada em homenagem a alguns alunos.

Já que a festa de aniversário nunca realmente começava, eu decidi ir para várias partes da casa de retiro e chamar todos os alunos para que se reunissem lá embaixo para a celebração. Mesmo sendo eu nova na Chi Rho (associação estudantil), eu havia sido presidente da minha turma em cada ano do ensino médio e tinha experiência em liderar grupos e organizar as atividades. Eu pensei que se todos se reunissem no mesmo lugar, a festa poderia acontecer. Foi neste ponto que eu vagava na parte de cima da casa para a Capela. Eu não iria entrar para rezar, apenas para dizer aos alunos que descessem para a festa. Quando eu entrei na capela… eu vi algumas pessoas sentadas no chão, rezando. Era uma sala pequena, acarpetada e sem bancos, apenas com algumas almofadas. O Santíssimo Sacramento estava no sacrário, no altar, no centro da sala, perto da parte da frente. Eu me ajoelhei na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento. Então algo inesperado aconteceu.

Eu sempre acreditei, pelo dom da fé, que Jesus está realmente presente no Santíssimo Sacramento, mas eu nunca havia experimentado Sua glória antes. Quando eu me ajoelhei lá, naquela noite, meu corpo tremeu literalmente ante Sua Majestade e Santidade. Fiquei cheia de temor na presença Dele. Ele estava lá… o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores, Aquele por quem todas as coisas vieram a existir! E lembro-me de ter pensado, “Deus é Santo e eu não sou santa. Se eu permanecer em Sua presença, algo vai acontecer comigo”. Eu me senti realmente assustada e disse para mim mesma: “Saia daqui rapidamente”. Entretanto, ultrapassando este medo, havia o meu desejo de permanecer na presença do Senhor.

Então Bill Deigan, presidente da Chi Rho, entrou na capela e ajoelhou-se ao meu lado. Descrevi a ele o que estava acontecendo comigo. Ele disse: “Eu estava recém falando com algumas outras pessoas. Algo está acontecendo aqui; algo que não planejamos. Fique e reze até você sentir que deve sair”. E o Bill saiu da capela.

Quando eu me ajoelhei diante do Senhor Jesus no Santíssimo Sacramento, pela primeira vez na minha vida eu rezei o que eu chamaria de “uma oração de entrega incondicional”. Rezei no silêncio do meu coração: Pai, dou minha vida a Ti e o que Tu quiseres de mim, é isso que eu quero. Se isso significa sofrimento, eu aceito. Ensina-me a seguir o Teu Filho Jesus e a aprender a amar como Ele ama.

Quando eu fiz esta oração, eu estava de joelhos diante do altar. Em seguida vi-me prostrada no chão, estendida diante do sacrário. Ninguém havia imposto as mãos sobre mim. Eu nunca havia visto uma coisa dessas acontecer antes. Não sei exatamente como aconteceu, mas durante aquele momento os meus sapatos se soltaram dos meus pés. Mais tarde, percebi que, assim como Moisés diante da sarça ardente, eu estava de fato em solo santo. Deitada ali, fui inundada, dos dedos das mãos aos dedos dos pés, com um profundo sentimento do amor pessoal de Deus por mim, do Seu amor misericordioso (…).

Quando penso sobre aquela minha experiência na capela, naquela noite, as palavras de Santo Agostinho expressam belamente o que eu senti naquele momento: “Fizeste-nos para Ti, ó Senhor, e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em Ti”. Dentro de mim ecoou o fervoroso apelo, “Fique! Fique! Fique!” Senti como se eu quisesse morrer lá, naquele momento, e ir para estar com Deus no céu. Mesmo assim, eu sabia que se eu, que não sou ninguém especial, podia experimentar o amor, a misericórdia, a ternura e a compaixão de Deus, de tal forma, isso seria possível para qualquer um, sim, para qualquer um também experimentar Deus.

Embora eu só quisesse permanecer lá e aquecer-me na presença do Senhor, eu sabia que precisava compartilhar essa experiência com os outros. Como os Apóstolos depois do Pentecostes, eu queria “proclamar seus feitos maravilhosos”, dar testemunho do Deus vivo”.

 

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Na imagem, jovens que participaram do retiro de Duquesne em 1967. Patti está em primeiro plano de branco. (Foto: reprodução)

 

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