De 24 a 27 de julho, em Aparecida/SP, as Comissões Episcopais para a Comunicação e Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizaram o 4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (PASCOM) e o 2º Seminário de Jovens Comunicadores. Na ocasião, o presidente da CNBB e cardeal arcebispo da Arquidiocese de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, leu uma mensagem especial do Papa Francisco aos participantes do evento.

Diante do tema “Comunicação, desafios e possibilidades para evangelizar na era da cultura digital”, a mensagem, assinada pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, afirma ser “necessário que no mundo digital o anúncio do Evangelho seja seguido pela oferta de um encontro pessoal com Cristo, um encontro real e transformador”.

Citando a homilia do Papa durante a Missa celebrada na Catedral do Rio de Janeiro durante a JMJ 2013, a mensagem exorta: “não permanecermos fechados na paróquia, nas nossas comunidades, na nossa instituição paroquial ou na nossa instituição diocesana, quando tantas pessoas estão na espera do Evangelho! Sair enviados. Não é simplesmente abrir a porta para que venham, para colher, mas é sair pela porta para buscar e encontrar!”.

Esse mesmo convite à saída missionária é estendido ao ambiente digital. “Nenhum caminho pode, nem deve, ser obstruído a quem, em nome de Cristo Ressuscitado, se empenha em tornar-se sempre mais solidário com o homem. Com o Evangelho na mão e no coração, é necessário reafirmar que é tempo de continuar a preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus, não descuidando de dirigir uma atenção especial a quem ainda vive em uma fase de busca”.

“De fato, uma pastoral no mundo digital é chamada a levar em consideração também àqueles que não creem, caíram no desespero e cultivam no coração o desejo do absoluto e da verdade não efêmera, dado que as novas mídias permitem entrar em contato com seguidores de todas as religiões, com não-crentes e pessoas de todas as culturas. (…) Por isto, em tal contexto, os canais digitais são um campo fundamental na nova “saída” missionária à qual todos somos chamados”.

O Santo Padre termina a mensagem, ressaltando: “Sem esquecer que o espaço digital, antes de ser uma mera realidade tecnológica, é antes de tudo um lugar de encontro entre homens e mulheres, cujas aspirações e desafios não são virtuais, mas reais, e têm necessidade de uma resposta concreta”.

Dom Maria Celli fala sobre o evento

altEm entrevista à Rádio Vaticano, o presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Cláudio Maria Celli, que fez uma das reflexões no evento, por meio de videoconferência, falou sobre o papel dos cristãos no ambiente digital: “Não se trata de bombardear a rede com mensagens religiosas, mas de dar testemunho daquilo que cada um de nós é, da forma de conciliar a própria fé com os problemas, os aspectos, as tensões da existência cotidiana”.

A respeito do evento, o arcebispo disse valorizar iniciativas desse cunho. “Antes de tudo, deixe-me dizer que o nosso dicastério olha com grande interesse para iniciativas como esta. O Pontifício Conselho tem, entre suas tarefas, justamente a de estimular as Igrejas locais a refletir sobre os principais desafios que interpelam a Igreja no campo das comunicações sociais”.

“No caso específico da realidade brasileira, trata-se de assumir uma nova responsabilidade, já que os católicos são chamados a ser missionários na rede. Existe toda uma espiritualidade a ser expressa também no mundo da internet, da mesma maneira como vivemos esta espiritualidade em casa, no ambiente de trabalho, com a família, com os amigos. E isto é fundamental”, afirma o arcebispo.

Em resposta ao chamado à Cultura do Encontro pedida por Papa Francisco em relação ao ambiente digital, acrescenta: “O Bispo de Roma manifesta o sonho de uma Igreja capaz de mostrar ao mundo a sua face materna. Assim, quer uma Igreja que mostra e que vive a acolhida e a partilha, fazendo-se próxima às pessoas nos vários caminhos da vida. E isto assume uma relevância especial em um país com tantas contradições como o Brasil”.

Retomando, por fim, o Documento de Aparecida de 2007, fruto da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, Dom Maria Celli, instiga: “No nosso caso, a pergunta a ser colocada é como os discípulos do Senhor tornam-se missionários na rede social. E a tal propósito, deve ser esclarecido que aqui não está em jogo uma ação de proselitismo. Como disse Bento XVI e repetiu o Papa Francisco, não se trata de bombardear a rede com mensagens religiosas, mas de dar testemunhos”.

Fonte: Informações de Rádio Vaticano

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