Caríssimos irmãos e irmãs, a Paz do Cristo Ressuscitado! 
 
A Palavra de Deus assim nos exorta: “Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (Rm. 12,12).  
 
O motivo da nossa esperança é concreto, alcançável, palpável: é o próprio Jesus. Em Cristo somos mais que vencedores (cf. Rm. 8,37) e por isso, ao esperar Nele, nos alegramos, na certeza de que jamais seremos abandonados ou desamparados. Ele é o Deus Conosco, Aquele que nos ama com eterno amor e nada nem ninguém pode nos apartar do Seu amor. Ele escuta todas as nossas orações e está perto daqueles que O invocam de coração sincero; o nosso Deus é o Senhor do tempo e da história, Aquele que tem o controle de todas as coisas em Suas mãos e nenhum fio de cabelo cai de nossa cabeça sem a Sua permissão. Aleluia!!! Por isso o Salmista nos ensina: “O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? Espera no Senhor e sê forte! Fortifique-se o teu coração e espera no Senhor!” (Sl. 26, 1a.14). 
 
No mundo passamos por muitas tribulações, somos continuamente acossados de diversas formas. Entretanto, não podemos nos distrair ou desviar os olhos; devemos fixar os olhos Naquele que é o Primeiro e o Último, Aquele que esteve morto, mas vive eternamente (cf. Ap. 1,18). Aconteça o que acontecer, nada pode nos roubar a alegria interior de nos reconhecermos profundamente amados por Deus, nada pode ofuscar de diante dos nossos olhos a imagem Daquele que é nossa esperança! Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo ilumine os olhos do nosso coração para que compreendamos a que esperança fomos chamados (cf. Ef. 1,18). 
 
Uma pergunta se faz necessária: em que ou em quem temos depositado a nossa esperança? No Senhor que fez o céu e a terra ou em deuses estranhos, incapazes de nos salvar? Alegremo-nos no Senhor, motivo da nossa esperança.  
 
A Palavra também nos exorta a sermos “pacientes na tribulação”. Paciência é um fruto da ação do Espírito Santo em nós, que consiste em suportar com propósitos e consolação os dissabores e infelicidades na vida; é a serenidade necessária para esperar algo que aos nossos olhos humanos tarda. Portanto, pela fé, somos exortados a aguentar firmes, não por nossas próprias forças, mas pela ação poderosa do Espírito Santo.  
 
Diante das tribulações algumas pessoas se rebelam contra Deus, abandonam a fé, entregam-se à murmuração e até às blasfêmias; outras fecham seus corações e preferem carregar o peso sozinhas, à parte da comunidade; outras ainda entregam-se à tristeza profunda e à desesperança; há ainda um grupo que busca soluções mágicas da parte de Deus ou mesmo de ídolos… Entretanto, a Palavra do Deus Vivo nos exorta a sofrer com paciência, isto é, enfrentar as tribulações com a serenidade inerente à certeza de que Deus está agindo. Paciência significa saber esperar ou, ainda, esperar com sabedoria, nutrir a fé expectante num Deus que não dorme nem cochila (cf. Sl. 120,4). 
 
Ser paciente significa também não se irritar, não se exasperar, não faltar com o amor. A paciência é um fruto excelente para o nosso relacionamento com os irmãos. Ensinam-nos os Provérbios: “o homem irritável provoca dissensão, mas o paciente acalma a discussão” (Pv. 15,18). Precisamos ser o perfume de Cristo em nossas casas, em nossos ambientes de trabalho, em nossas paróquias, com nossos familiares, com nossos vizinhos; enfim, com todos aqueles que o Senhor nos apresentar, mesmo quando não há concordância. Isso é bastante desafiador, mas profundamente santificante! 
 
Por fim, o versículo sobre o qual estamos refletindo nestas breves linhas (Rm. 12,12) nos exorta a sermos perseverantes na oração. Já nos dizia São João da Cruz que o demônio teme à alma unida a Deus, como ao próprio Deus, isto é, a oração nos torna íntimos de Deus, verdadeiros amigos Seus, dispensadores do Seu perfume pelo mundo, pessoas distinguidas no mundo espiritual. 
 
Nesse sentido, São Paulo nos encoraja a perseverarmos na oração, ou seja, a insistirmos mesmo quando não temos vontade, ainda que nos pareça difícil encontrar o momento apropriado, apesar do cansaço do dia a dia, em que pese o fato de que Deus sabe tudo ou mesmo que pareça que Ele não nos está ouvindo. O próprio Senhor assim nos ensina na Parábola da viúva perseverante: “Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite? Porventura tardará a socorrê-los?” (Lc. 18,7). O motivo de tal Parábola, o mesmo texto o esclarece: “Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc. 18,1). Entretanto, ao apresentar a Parábola, Jesus nos faz uma pergunta instigante: “Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc. 18,8b). A oração é a atitude espiritual dos que creem. 
 
De fato, precisamos nos relacionar com Deus. Tal qual é o alimento para o nosso corpo, assim é a oração para o nosso espírito. É pela oração que mantemos nossa alma vigilante e facilitamos a ação santificadora do Espírito Santo em nós. Por ela o Senhor nos conduz e nos tornamos ovelhas que reconhecem a voz do Pastor. É particularmente significativa a expressão que Jesus utiliza em João 10, 4b-5: “as ovelhas seguem-no, pois conhecem a sua voz. Mas não seguem o estranho; antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.” Tal passagem sempre me marcou muito: as ovelhas distinguem a voz do Pastor, que é Jesus, porque estão particularmente treinadas no timbre de Sua voz, ou seja, estão treinadas pela oração a escutar a voz do Senhor, de modo que sabem perfeitamente distinguir a voz do Pastor de outras tantas vozes.     
 
Que Nossa Senhora de Pentecostes interceda continuamente por cada um de nós para que sejamos verdadeiramente alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração! 
 
 
 
Veni Sancte Spiritus! 
 
 
 
Vinicius Rodrigues Simões 
 
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL 

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