Comunidade ribeirinha da Ilha do Marajó reunida para receber os missionários (foto: Cedida/Beto Bernardi)

 

Neste mês de maio, completam-se nove anos que os primeiros missionários chegaram ao Marajó, enviados pela Renovação Carismática Católica do Brasil, para atender ao chamado de Deus e da Igreja e para levarem o Batismo no Espírito Santo às comunidades ribeirinhas do enorme arquipélago.

A presidente do Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil, Katia Roldi Zavaris, falou sobre o respeito e amor que o Movimento possui pelas pessoas que vivem no Marajó, e destacou que membros da RCC de todo o Brasil se sentem missionários nessa terra:  “Os carismáticos de todo o Brasil acolhem com amor e alegria a missão no Marajó, pois o Batismo no Espírito Santo gera em nós frutos de amor e também de serviço aos irmãos”, falou a presidente.

Hoje, a Missão Marajó – desenvolvida em duas cidades, Afuá e Breves – já tem uma estrutura mais consolidada. Os missionários, quando chegaram, sequer conheciam o campo de missão ou a realidade local. “Para nós era impossível ter um plano estratégico de missão, tudo era novo. Era a primeira missão aos povos que a RCC realizava. Precisávamos compreender a cultura do povo marajoara e incardinar verdadeiramente na Igreja do Marajó com suas peculiaridades”, conta Beto Bernardi, que foi um dos primeiros missionários a desembarcar no Marajó e que hoje está de volta, em um segundo envio missionário.

Beto lembra ainda que, mesmo sem conhecer muito, a missão logo se desenvolveu. No ano seguinte, as atividades foram se estruturando à medida que eram identificadas as necessidades, como a fundação da capela São José, o projeto Anjo da Guarda, a rádio Santana, o barco Novo Pentecostes e, mais recentemente, o Centro de Acolhida São Felipe Neri.

“A missão caminha de maneira estável, bem firmada naquilo que acreditamos ser a nossa vocação como missionários da RCC a serviço da Igreja. Caminhamos em unidade com as paróquias onde estamos instalados, com as demais paróquias da Prelazia do Marajó naquilo que nos solicitam e especialmente com o nosso bispo”, destaca Beto.

O missionário destaca ainda os desafios enfrentados. Muito já foi construído, os passos estão mais firmes, mas ele destaca que hoje os desafios estão na parte da formação humana. Segundo Beto Bernardi, é preciso resgatar a dignidade humana, tantas vezes destruídas pelos vícios e a violência que são presentes na região. “Precisamos levar Deus a esse povo, para que não percam a Fé, a Caridade e a Esperança, pois são essas que prevalecerão. Se as perdermos, o que mais nos restará?”

Falando sobre suas visitas às casas de missão, Katia Roldi Zavaris, partilhou que por meio dos trabalhos missionários realizados no Marajó é possível ver o Movimento respondendo ao apelo do Papa Francisco e da Igreja, de estar em saída em direção aos mais necessitados. “Nas casas de Missão da Ilha do Marajó vemos o operar do Espírito Santo de forma concreta na vida daquelas comunidades. O Espírito agindo, por meio de cada atividade desenvolvida na busca pelo resgate dos valores humanos e espirituais. No Marajó temos uma linda experiência de amor fraterno”, destacou a presidente.

 

Formação de pregadores ministrada na casa de missão de Breves (foto: Cedida/Beto Bernardi)

Curiosidades da missão

Atualmente, a Missão Marajó possui duas casas de missão: uma em Breves e outra em Afuá. As duas casas, apesar de estarem no mesmo arquipélago, estão distantes quase 24 horas de barco uma da outra. Breves está distante 12 horas de barco de Belém e Afuá está bem mais próxima de Macapá, no estado do Amapá, do que da capital do Estado do Pará.

O principal meio de transporte na região é o barco. Existem comunidades em uma mesma paróquia, as quais se demora quase um dia de viagem de barco para chegar. Nestes locais mais isolados, os católicos chegam a passar mais de um ano sem uma celebração da Missa. A Missão Marajó atua em parceria com as paróquias e, em algumas missões, o pároco envia os missionários com o Santíssimo Sacramento, para que façam Celebrações da Palavra, com a distribuição da Eucaristia.

A Rádio Santana, que está instalada na cidade de Breves, transmite em ondas AM e alcança dezenas de comunidades ribeirinhas, que têm no rádio uma companhia e uma forma de estarem mais próximo da Palavra de Deus, pois acompanham o Grupo de Oração, a oração do terço e as transmissões da Missa.

Cerca de 300 crianças são atendidas nas atividades do projeto Anjo da Guarda, realizado nas duas casas. O número só não é maior, porque não há estrutura no espaço e condições financeiras para atender as todas. As atividades incluem partilha da Palavra de Deus, brincadeiras, oração e alimentação. Contempla ainda distribuição de material escolar e outras necessidades.

Em Afuá, foi inaugurado no ano de 2015, o Centro de Acolhida São Felipe Neri. Uma construção que tem como objetivo concentrar as atividades da missão na cidade de pouco mais de 10 mil habitantes, que tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Neste centro, é possível desenvolver as atividades com as crianças em um local digno e apropriado, com instalações sanitárias adequadas. Além dessas atividades, outros projetos estão sendo desenvolvidos, como: alfabetização para adultos, curso de informática e capacitação profissional, como, por exemplo, curso de panificação.

Muitos missionários já passaram pelas casas de missão. Todos voluntários, que doaram um tempo de sua vida em prol das pessoas mais necessitadas, para testemunharem o amor de Deus.

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