O dia de abertura do V Encontro Nacional Católico, promovido pelo Ministério de Fé e Política, mostrou a grande promessa de Deus para os Juízes, Promotores de Justiça e seus familiares. Na missa de abertura, padre Bruno, da Canção Nova, pregou a respeito da oportunidade única desta reunião, refletindo o tema: “Ai de mim se não anunciar o evangelho”, pois se trata de uma exortação pertinente a todos, visto que “…não sabeis o dia e a hora que o noivo há de chegar…”. E, portanto, desperdiçar um segundo de evangelização é não reconhecer o direito do irmão de ouvir a palavra de Deus e assumir a sua Salvação.

Na sequência, Ironi Spuldaro pregou sobre o tema: “A paz é fruto da justiça”. Lembrou o quanto, no mundo de hoje, temos sido pessoas de pouca oração. Os profissionais da sociedade moderna têm permitido que negócios, estudos e atividades interfiram nas horas a sós com o Senhor. O sono, conversas fúteis, visitas sem propósito, brincadeiras, leituras sem conteúdo e ocupações inúteis tem preenchido o tempo que poderia ser dedicado à oração. O equilíbrio da paz que externamos é fruto da que temos no coração e esta só pode ser alcançada quando vem de Deus.

Durante o sábado, as palestras foram proferidas por Ronaldo Sousa (Comunidade Remidos/PB), Dr. Carlos Fortes (Promotor de Justiça de Minas Gerais) e Dr. Ricardo Dipp (Desembargador do Estado de São Paulo) que  apoiaram suas exposições numa sabedoria própria da inspiração do Espírito Santo, quando abordaram os temas de “Responsabilidade do anúncio no meio público”, “Pedofilia” e “Aborto”, respectivamente.

Ronaldo ressaltou duas coisas que o homem precisa: êxtase e profecia. Afirmou ainda que, não devemos nos prender à simbologia religiosa dos tribunais, tais como os crucifixos, já que precisamos de atitude. Disse: “Há que se pensar em outro símbolo, pois os crucifixos as leis inevitavelmente vão tirá-los de lá. Os homens irão nos perseguir e procurarão nos desqualificar”. Exaltou ainda que se considerarmos o evangelho de João, capítulo 5 que diz: “Sem mim nada podeis fazer”, quando não obedecemos, automaticamente estamos praticando o desacato à autoridade.

Carlos Fortes, promotor de justiça há dezoito anos, trabalha há quase dois anos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia. Ele iniciou sua pregação afirmando que gosta de pensar em Jesus vivo, andando entre nós. Contou o sofrimento de ter que encarar a miséria humana do criminoso, mas que também é filho de Deus. Entretanto, o pior é conversar com as crianças que são vítimas do abuso e perceber que estão marcadas pelo resto da vida. Ressaltou a importância do artigo 227 da Constituição Federal e do artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, que dispõe sobre a absoluta prioridade que deve ser dada à criança e ao adolescente, na garantia de seus direitos. Constatou que o motivo do aumento nos casos registrados de pedofilia são, na realidade, aqueles que antes ficavam escondidos, “jogados embaixo do pano”. Comentou sobre as campanhas que têm sido disseminadas no Brasil e no mundo, ressaltando que o abuso sexual contra a criança e o adolescente não acontece somente em classes menos favorecidas financeiramente ou que possui menos instrução, mas em todas as classes e níveis de ensino.

Exemplo de luta, está na Prelazia do Marajó no Pará, Dom Azcona, que merece mais do que respeito, pois teve a coragem de denunciar um esquema, e por isso sofre ameaças de morte. Citou diversos casos da forma mais branda possível. Pediu desculpas por ter que relatar e afirmou não tem intenção de causar ira ou raiva: “mas sim que devemos arrancar o ódio e a raiva e deixar a indignação”. Comparou uma criança que está navegando na internet, com uma que esta sozinha no centro de uma grande cidade, por isso devemos ter o cuidado de acompanhar seus acessos. Apesar da criança não verbalizar, demonstra através de bonecos e desenhos o que está acontecendo, nos casos de abuso sexual.

Dr. Ricardo dissertou sobre um tema conhecido: o aborto. Um aspecto intrigante é certa resistência popular à propaganda abortista que é mundial, recentemente um jornal publicou a estatística em que 86% da população é contrária ao aborto direto. Boa parte dos promulgadores do aborto se dedica a atacar o efeito da liberalização, do “fetocídio”. Deus dá o direito de defesa a todo ser humano, porque negar ao feto? Afirmou que, conforme o Pacto de San José da Costa Rica, em seu artigo 1º número 2: “Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano”. O qual compreende mulher, homem, grandinho, miudinho, com cabelo, sem cabelo e entre essas indicações está uma muito simples, dentro do ventre materno e fora do ventre materno. Considerando essa convenção, pessoa inclui o feto. Não podemos aceitar que autorizem o alvará para matar.

Ainda na missa do segundo dia do encontro, Deus revela sua face misericordiosa e exorta os juízes e promotores a viverem uma santidade profética, capaz de enfrentar os desafios. Padre Cleidimar, da Canção Nova, ressaltou que, apesar de parecer um encontrinho para 150 a 170 pessoas, que se atingia uma multidão fora dali. Afirmou a importância de saber que existem cristãos, especificamente católicos, exercendo a justiça para nosso país, honrando a Deus. Interrogou se o encontro havia sido marcado em cima da liturgia do dia, pois Deus proporcionou vivenciar o encontro, especialmente na palavra de Jeremias, capítulo 1, versículos de 17 a 19, que diz: “…Tu, porém, põe-te de pé e anuncia-lhes tudo o que eu te mandar dizer. Não tenhas medo deles, senão eu é que te farei tremer diante deles. Hoje eu faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro, um muro de bronze para enfrentar o país inteiro… Farão guerra contra ti, mas não te vencerão, porque estou contigo para te defender. – oráculo do Senhor”. Padre Cleidimar se prontificou a estar ajudando no que for preciso. “Quero me colocar nesse sentindo. Colocar à frente para ajudar a melhorar essa situação no nosso país”. Concluiu dizendo que o presidente do Conselho Nacional da RCC, Marcos Volcan, é um promotor da justiça.

No domingo, o encontro foi marcado pela presença de Deus, exortando os operadores do direito a entregarem suas vidas à Jesus Cristo e buscar inspiração para suas decisões e ações na luz do Espírito Santo.

A primeira pregação do dia foi ministrada pelo Prof. Felipe Aquino, que falou sobre a participação da Igreja Católica na evolução do conhecimento e da ciência, assunto do seu livro “Uma História que não se conta”, onde a realidade da História é contrária ao que se propaga nos meios seculares.

Em seguida, Gabriel Chalita abordou o tema “A Sensibilidade Humana e a aplicação da Justiça”. Ele mostrou, com eloquência ímpar, a pertinência de uma visão mais humanizada no trato com o ser humano e toda a necessidade de uma postura semelhante a de Jesus: manso e humilde, na condução do direito e da justiça.

A terceira e última pregação foi feita pelo Diácono e Juiz de Direito, Dr. Fabiano de Moura, que falou sobre “Anunciar o Evangelho na Justiça”, demonstrando que é possível, sim, operar o direito e engajar-se na Igreja, assumindo o chamado que Deus lhe reserva.

Finalmente, para encerrar o encontro, o Promotor de Justiça, Dr. Marcos Antônio Pereira, contou a experiência vivida no estado do Espírito Santo, através da união de um grupo de juízes e promotores de justiça preocupados em dar o seu SIM ao chamado de Deus.

A organização do Encontro já marcou a data para o próximo Encontro Nacional Católico, a realizar-se nos dias 26 e 27 de junho de 2010.

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